quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Penas e fofoca

Texto retirado do filme Dúvida (Doubt, 2008), estrelado por Meryl Street e Philip Seymour Hoffman. O segundo, atuando como um padre, discursa o seguinte sermão durante uma das missas, que gostei muito e desejo compartilhar com vocês:


"Uma mulher estava fazendo fofoca com uma amiga sobre um homem que ela mal conhecia. Sei que nenhum de vocês jamais fez isso... Naquela noite ela teve um sonho. Uma grande mão apareceu sobre ela e a apontou para baixo. Ela foi imediatamente apreendida com um esmagador sentimento de culpa.
No dia seguinte ela foi para a confissão. Ela falou com o velho padre, Padre O'Rourke, e ela contou a história toda. "Fofoca é um pecado?" Perguntou ao velho padre. "Foi à mão de Deus Todo Poderoso apontando um dedo em mim? " "Devo ficar pedindo a sua absolvição..."Padre, me diga, eu fiz algo errado? "
"Sim!"Padre O'Rourke responde para ela. "Sim, sua ignorante, feminina que eleva o mal. Tem feito falso testemunho contra seu vizinho! Tem jogado rápido e solto com a sua reputação, e deve se sentir duramente envergonhada!"
Então a mulher disse que lamentava e pediu perdão.
"Não tão rápido!", diz o Padre O'Rourke. "Eu quero que vá para casa, pegue um travesseiro eleve-o até seu telhado, corte-o abrindo-o com uma faca, e volte aqui! "
Então a mulher foi para casa, pegou um travesseiro de cima da cama, uma faca da gaveta, subiu a escada de incêndio até o telhado, e esfaqueou o travesseiro. Então, ela voltou para o velho padre da paróquia como a havia instruído.
"Você pegou o travesseiro com a faca?", diz ele.
"Sim, Padre."
"E qual foi o resultado?" "Plumas, disse ela."
"Plumas"? Ele repetiu.
"Plumas em todos os lugares, Padre!"
"Agora eu quero que volte e reúna todas, até as últimas plumas que voou para fora com o vento!"
"Bem", disse ela, não pode ser feito. Eu não sei aonde elas foram. O vento levou-as para todos os lados."
"E isso", disse o Padre O'Rourke, "é fofoca!"

domingo, 16 de janeiro de 2011

Mais um no mundo

Pra sermos felizes na vida, temos que aceitar tudo exatamente do jeito que é e não questionarmos? Nos últimos dias, tenho pensado seriamente sobre isso. Aqueles que apenas pensam em viver, não se preocupam no modo como farão isso e nem o motivo de as coisas acontecerem, estão sempre sorrindo, aproveitando, sem tempo para questionamentos. Já os que pensam na razão de ser de tudo e refletem sobre o que está acontecendo ao seu redor, se preocupam demasiadamente. Com tudo e com todos. Por um lado, isso é ruim pois impede que a felicidade e alegria estejam sempre presentes nessa pessoa. Por outro, é ótimo, porque percebe a realidade, tenta adaptá-la para o modo como mais a agrada, planeja uma vida ideal e, tentando cumprí-la, acaba se decepcionando. Acabamos terminando com a tristeza de novo. Concluo que se preocupar demais acaba trazendo a infelicidade, de um modo e de outro, por percebermos que nem tudo é do modo que gostaríamos que fosse e que nem sempre tomamos aquelas decisões que gostaríamos de ter tomado e, mesmo querendo mudar, algumas coisas são imutáveis. Resta pensarmos. Resta a felicidade incompleta.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eterna procura

Tudo bem? Não. Já tive dias melhores. Dias que a inocência e a ilusão proveniente dela me permitiam acreditar em amor verdadeiro, em um final feliz, em sucesso na vida. Quase impossível conseguir todos. Quem os consegue, pode se considerar feliz por inteiro. Aos outros, resta a eterna busca do que consideram essencial, que dá sentido à vida. Mesmo conseguindo, podem sofrer posteriormente, cansar da rotina, perceber que tudo que alcançaram não os faz mais feliz por completo. Neste caso, restam duas opções, ambas um tanto desagradáveis: o conformismo e a eterna procura por um sentido na vida, pela felicidade plena.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Amnésia

O que você faria se não conseguisse lembrar nem do que aconteceu há poucos segundos? No filme “Amnésia”, estrelado por Guy Pearce, o protagonista tira foto de todos que conhece e faz anotações para vê-las e lembrar. O personagem Teddy Gammell recebe a anotação “Don’t believe his lies” (“Não acredite em suas mentiras”). Reflita. Se você sofresse de amnésia e tivesse que escrever coisas a respeito de seus amigos agora, para quantas pessoas você escreveria para não acreditar nas mentiras? Para quantas você escreveria para ser sempre amável? Para quantas você escreveria que já se decepcionou? Talvez sem lembrar do que ocorreu, apenas à base de anotações, você confiasse mais nelas do que em si mesmo e não repetisse os mesmos erros.

Confiança

A vida me ensinou que acreditar em uma pessoa, confiar a ela todos seus segredos, sentir que é único e especial é errado. A maioria das pessoas mudam quando o interesse delas em você acaba. Às vezes você era o companheiro de festas, às vezes o companheiro de depressão, às vezes o companheiro que melhorava a auto-estima com elogios, às vezes o companheiro amoroso. Não importa o que você significava. Você era especial. Especial não por quem você era, mas sim por o que você representava àquela época. E, a partir do momento que não representa mais, tudo se acaba: o carinho, a confiança, a amizade. O que restam são as memórias. Memórias de uma época que você nunca quis que acabasse.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dor existencial

Qual é o motivo de cada um de nós existirmos e estarmos aqui neste exato momento? Essa é uma das perguntas que nunca será respondida em nossa vida, não importa o que façamos para tentar respondê-la. Surgirão várias teorias, mas nada será “certo” em consenso. A única verdade absoluta é que estamos todos aqui e devemos aproveitar a vida que nos foi dada, porque não sabemos se haverá outra ou, se nesta mesma, haverá mais muito tempo para viver. Tudo pode acontecer durante nossa existência. Pode parecer hipocrisia, e é, mas faça o que você mais gosta sempre, não se importe com a opinião dos outros, viva a sua vida do seu jeito, do jeito que você quer e sempre quis. Aproveite cada segundo porque nunca se sabe qual será o último.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Amor

Uma coisa que eu penso e sempre pensei é que palavras abstratas tem um significado diferente para cada um. Uma delas é o amor. O que é amor para você pode não o ser para mim. Não temos como definir o amor. Não há uma frase, um texto, uma palavra que explique. Há um sentimento que toma conta de nós e simplesmente nos faz amar. Como já disse Carlos Drummond de Andrade, “se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis”. Amor. Uma palavra tão banalizada no século XXI, no qual todos afirmam estar amando todos, como se o mundo fosse perfeito assim. Pena que não é. É um mundo repleto de ódio, preconceito, desigualdade e, em uma palavra bonita como “amor” encontramos o consolo. Pena que seu significado está banalizado, porque o amor verdadeiro não precisa ser anunciado ao mundo. Ele reside no coração de cada um de nós.

Pensamentos da noite

Aquele momento, antes de dormir, que paramos e revemos nosso dia. Pensamos nas nossas atitudes, pensamos no que é certo e no que é errado, pensamos no que poderíamos ter feito diferente. Aquele momento, posterior a tudo, quando não podemos mudar nada e mesmo assim nos lamentamos, ou nos orgulhamos da decisão correta. Mais provável o lamento. Com apenas com sentimentos agradáveis na cabeça, dormir é mais fácil. Caso contrário, aquele momento se estende e, quando vamos olhar no relógio, está de madrugada. Viramos a noite porque pensamentos não saem da nossa cabeça. Pensamentos estes de um passado que nunca, nunca mesmo, poderemos alterar.