terça-feira, 23 de outubro de 2012

O estudante


As pupilas dilatas
Os olhos negros
Morto-vivo

Mais morto
Menos vivo

Vítima da rotina
Servo das obrigações
Criatura abstinente
de suas paixões

Mais morto
Menos vivo

Os cabelos a caírem
Os olhos a lacrimejarem
Morto-vivo

Mais morto
Menos vivo

Sempre julgado
pelos superiores
Nunca admirado
em seus esplendores

Mais morto
Menos vivo

domingo, 21 de outubro de 2012

O fantasma


Existe, nas profundezas do imaginário,
Uma criatura que teima em chamar-me otário.

É um fantasma, infeliz e errante,
Que me acorda, pede que com ele eu cante.

Cante a minha infelicidade, minha tristeza
Cante a destruição de minha natureza.

Ele me assombra
Desapareço
Ele some
Logo esqueço
Ele reaparece
Estremeço.

À noite, quando me ponho a deitar,
Só peço ao fantasma para não me perturbar.

Ele não me obedece
Torna a reaparecer
E quando penso que some
É porque estou a morrer.