Ele sentia uma
necessidade de mentir para si mesmo. Preferia ocultar a verdade a batalhar por o
que queria, tão difícil de ser alcançado. Mesmo que dissesse e acreditasse que
o amor acabou, por vezes via-se olhando para retratos e chorando. Atribuía à
solidão, à falta de companhia; o real motivo permanecia oculto.
Ela
desistiu de seu verdadeiro amor por acreditar que ele nunca se concretizaria.
Preferiu ouvir as amigas, a família e abrir mão de seu desejo. Achou que fosse
só uma paixão passageira, uma atração física que seria esquecida. Queria
esquecer, mas não conseguia. E tampouco admitia para si que não conseguia.
Secretamente, relia cartas não enviadas, pensava em palavras não ditas, mas não
achava que ainda amasse. Achava que nunca tinha amado.
Ele
a desejava, ela o venerava. Eles não estavam juntos. Por medo, por insegurança,
por desistirem dos seus objetivos. As fraquezas do ser-humano impedem a sua
felicidade.