sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O eterno sonhador

“Esse é o filme pelo qual serei lembrado.” . Assim pensava Edward D. Wood Jr. durante a estreia de seu filme “Plano 9 do Espaço Sideral” em um cinema de Hollywood. Sim, ele acertou na previsão. Só não é lembrado até hoje do modo como gostaria. Eternizado pela película do diretor Tim Burton, de “Edwards, Mãos de Tesoura”, o considerado “pior diretor do mundo” será sempre lembrado por todos nós por suas obras trash como a já citada acima e “Glen ou Glenda” e “A noiva do monstro”. O eterno Conde Drácula, Bela Lugosi, também sempre agradecerá em seu túmulo ao então jovem diretor, que proporcionou a ele os últimos filmes de sua carreira.


Com ideias muito inusitadas para filmes, motivo de piada entre os produtores, Ed nunca desistiu de produzir suas obras. Conseguiu investimentos de açougueiros, igrejas, tudo do mais alternativo, mas continuou produzindo suas películas. Via talento na maioria das pessoas, não julgava pela aparência. Deu papeis ao lutador sueco Thor Johnson, que é eternizado até hoje como uma máscara de Hallowen e ao à época idoso Bela Lugosi, que todos consideravam acabado para o cinema, mesmo tempo contribuindo muito para o mesmo, com seu ápice em Conde Drácula. Aproveitava cenas e efeitos inutilizados por Hollywood, sempre conseguindo um espacinho para “encaixar” em seu filme, mesmo que fizesse com que o mesmo perdesse completamente o sentido.


Suas ideias estranhas fizeram com que ele separasse de sua namorada, que não concordava com algumas “loucuras” do marido, como por exemplo a mania de se vestir com trajes femininos para se sentir confortável. Porém, sua esposa posterior se manteve fiel até sua morte e nunca mais se casou. “Eddie” se considerava um gênio, tinha grande afeição por suas obras e, durante a filmagem e execução, repetia as falas para si mesmo, com um grande ar vitorioso, como quem conseguiu o sucesso.


Entre as idolatrias do “pior diretor do mundo”, estavam Orson Wells, diretor de “Cidadão Kane”, com quem teve uma breve conversa que o inspirou a terminar sempre suas obras, impondo seu pensamento, tomando o comando da direção, e a atriz finlandesa Vampira, que apresentava um programa de horror na TV e que aceitou trabalhar com o cineasta apenas uma vez, e sem falas.


Escritor, diretor e produtor, Ed Wood foi um grande sonhador, um exemplo de vida. Mesmo sob críticas, tentava sempre ver um lado positivo na vida e seguir o seu sonho em Hollywood. Gostava de todas suas obras e de todas as filmagens. A perfeição vinha sempre à primeira cena gravada com ele. As gravações de seus filmes não demoravam mais que cinco dias. Infelizmente, se deixou desiludir com o fracasso, recorreu às drogas e ao álcool e começou a produzir filmes pornográficos. Porém, sempre lembraremos dele como “o pior diretor do mundo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário